O assunto não é novo, mas também não envelheceu. Muito pelo contrário. Pela urgência que representa, nunca deveria sair da pauta de prioridade dos governos federal, estadual e municipal. Aqui mesmo neste espaço, a salvação do Rio Itapecuru já foi debatida por algumas vezes, sempre com o objetivo de alertar as autoridades e a população para o drama vivido pelo principal rio maranhense. Como trata-se de uma bacia hidrográfica da maior importância para o Maranhão, é indiscutível que os poderes constituídos precisam voltar suas atenções para a devastação progressiva, violenta e irresponsável que, a cada ano, ameaça mais o Itapecuru.
São 36 municípios banhados pela bacia itapecuruense, que propicia a sobrevivência de perto de um milhão de habitantes. Para ser exato, são 944 mil pessoas que dependem do Itapecuru. Não se trata de falácia de ambientalistas, mas uma realidade conhecida em profundidade de todos que estudam o Maranhão. E até de quem é leigo em questão ambiental. Por esses outros motivos é que nos anima destacar a reunião ocorrida esta semana em Brasília com representantes do governo do estado e de organismos internacionais, interessados em financiar projetos de recuperação da grande bacia hidrográfica maranhense.
Disse o ministro Paulo Miranda, do corpo diplomático do Ministério das Relações Exteriores, que a Agência Brasileira de Desenvolvimento está de portas abertas para ajudar o Maranhão a encontrar soluções técnicas eficientes para recuperar os estragos dentro e fora do leito do Itapecuru. E nessa discussão, que vem de algum tempo, vale destacar o empenho do presidente da Assembléia Legislativa, João Evangelista. Ele deu uma dimensão maior ao debate, quando realizou no ano passado, em São Luís, o seminário “Itapecuru, Águas Perenes”.
Mas a situação do rio é tão dramática que sobre ela não comporta mais discussão. É preciso ação para conter ao avanço dos processos devastadores e aplicar punição rigorosa nos seus responsáveis. O governo sozinho não terá sucesso numa empreitada dessa envergadura. É fundamental que o Ministério Público entre firme em parceria com o Judiciário, denunciando, punindo, propondo campanha de conscientização e cobrando solução. A Secretaria do Meio Ambiente tem que se unir ao Ibama e entidades organizadas. Enquanto não houver ação integrada, punição rigorosa, multas pesadas e outras formas coercitivas, qualquer campanha com poesia, discurso saudosista contra devastadores das matas e babaçuais, ninguém vai parar o que vem fazendo.
O rio está assoreado e as matas ciliares danificadas em todo seu percurso, inclusive nas nascentes. Os afluentes e riachos que o fortalecem também estão num processo penoso e irreversível de agonia. Além dos estragos provocados pela urbanização em suas margens, com 36 cidades e inúmeros povoados, a agricultura e a pecuária avançaram com queimadas e pastagens – uma sucessão de crimes ambientais completamente descontrolados e impossíveis de recomposição. São 1.090 km de extensão do Itapecuru, um rio que abastece 60% da população maranhense, com maior impacto na cidade de São Luís (85%). A sua bacia hidrográfica, segundo estudos do Ministério do Meio Ambiente (MMA), encontra-se em estado “preocupante”, quando avaliada a sua relação entre demanda e disponibilidade hídrica. Para os maranhenses, no entanto, a situação é muito mais que preocupante. É dramática.
Fonte: O Imparcial.
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