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Entrevista de Leonardo Monteiro ao Jornal Pequeno

Deu no Jornal Pequeno:

Leonardo Monteiro esclarece eleições para o Sindicato dos Jornalistas




A classe jornalística do Maranhão tem assistido a um recente embate pela disputa do sindicato da categoria. Para falar mais sobre essa questão, o Jornal Pequeno traz hoje uma entrevista com Leonardo Monteiro, presidente do Sindicato, onde ele esclarece fatos relacionados com as últimas eleições do Sindicato dos Jornalistas.

Leonardo é jornalista e bacharel em Direito, maranhense, nascido em Rosário. Começou sua vida sindical como menor aprendiz, na firma Pinheiro Gomes Representações S.A. vinculando-se ao Sindicato dos Comerciários de São Luís. Depois foi bancário e presidiu o Sindicato dos Bancários do Maranhão durante a ditadura militar. Integrou a primeira turma de jornalismo da Ufma, em 1974.

JORNAL PEQUENO – Como você avalia o resultado das eleições para presidente do Sindicato dos Jornalistas de São Luís no qual a chapa que você lidera saiu como vencedora? Na sua visão, por que a chapa concorrente não aceitou o resultado?

LEONARDO MONTEIRO – Essa avaliação foi dada ao longo do tempo pelos que passaram pela administração do Sindicato dos Jornalistas de São Luís, nas pessoas de Vera Cruz Santana, Othelino Nova Alves, Genu Moraes, Maria Inês Sabóia, José Linhares, Ferreira Baty, Jámenes Calado e inúmeros outros que nos deixaram bom comportamento profissional e exemplos de caráter nos procedimentos de classe. Apliquei isto na vida sindical e colhi boas amizades e confiança para dirigir a categoria. A chapa concorrente não aceita a derrota porque na sua chefia predomina a ausência de maturidade profissional e há fartura de vaidade. Não é prudente ingressar no movimento sindical sem a boa virtude da humildade. Atropelar os veteranos e querer inpor liderança sem ter caráter, é muito temerário.

JP – É possível afirmar que a classe hoje está rachada em São Luís?

LM – Não se trata de racha coisa nenhuma. A minha adversária criou, em 2002, uma entidade que já existe desde a década de 70, fundada pelo falecido jornalista José Linhares, que é a nova versão imitada da antiga Associação Maranhense de Imprensa (AMI), como forma de se opor e levar para ela toda a classe. Não conseguiu juntar nada que expressasse prestígio nenhum ou qualquer força conceitual. Pelo contrário, mostrou foi condutas, estas sim, antidemocráticas e covardes, como relato e provo, com apenas estes dois casos: Nas eleições da Fenaj, realizadas recentemente, o regimento eleitoral exigia a relação de aptos a votar no dia 10 de abril de 2007. Isto foi encaminhado. Noventa dias depois, ou 10 dias antes das eleições (ocorridas nos dias 16, 17 e 18 de julho de 2007), têm-se nova relação, já com mais associados aptos porque se regularizam dentro do prazo determinado pelo regimento. Aí, os aptos alcançaram 63. As eleições foram feitas e, ao final, a nossa adversária diz para a Comissão Nacional Eleitoral da Fenaj, que tal fato era irregular. Esta, recebe tal absurdo como “recurso”, e não deu direito ao Sindicato de apresentar defesa ou explicar-se. Estabeleceu-se o perfeito “tribunal de exceção”. Simplesmente a Comissão Nacional Eleitoral, na pessoa do seu presidente Amilton Vieira admite, em seguida, a “procedência do recurso” e manda retirar o resultado das eleições da Fenaj no Maranhão. Tudo por obra e graça da insatisfação da jornalista Edvânia Kátia, que se diz defensora ferrenha “da democracia, transparência e práticas antidemocráticas”. Devo dizer ainda sobre as eleições da Fenaj, o seguinte: o universo de jornalistas no país era de 36.846 no dia 16 de julho de 2007. Ficaram aptos a votar 14.789, mas votaram apenas 5.429. Esses dados servem para mostrar o desconhecimento de realidades eleitorais em qualquer nível.

JP – Qual foi o outro caso?

LM – Na composição do grupo de delegados ao Congresso Nacional de Ética do Jornalista, realizado em Vitória-Espírito Santo, no início de agosto passado, as jornalistas Edvânia Kátia e Mirlene Bezerra Lima insistiram em participar da delegação do Sindicato dos Jornalistas. Os outros representantes do Sindicato não puderam ir, inclusive eu. As duas foram em nome da nossa entidade como delegadas. Ao final do evento, onde se discutiu exatamente a ética e o caráter do jornalista, elas próprias apresentam moção em desabono ao nosso Sindicato. De volta, publicam e dão entrevista sentido-se orgulhosas em terem “apresentado moção e motivado o pleno de um Congresso Nacional de Ética do Jornalista para dizer que o Sindicato que elas estavam representando é antidemocrático e sem postura”. Não tivemos chance e não pudemos nos defender de tamanha indignidade. Outra vez funcionou o “tribunal de exceção”. Fizeram publicar matéria na imprensa local dizendo que tinha sido a Fenaj quem, em “nota oficial aprovara a moção”. Consultada, a Fenaj desmentiu. Eu pergunto: essas jornalistas merecem ficar em nosso meio? Merecem o nosso respeito e confiança?

JP – Uma das principais acusações de seus oponentes é sobre a dificuldade na filiação ao sindicato. É verdade?

LM – Filiação em qualquer sindicato deve ser: livre para ingressar e livre para sair, diz o preceito constitucional. As filiações nunca foram dificultadas, apenas o ato posterior, ou seja, a falta de pagamento de mensalidades e anuidades por parte dos filiados prejudicam toda estrutura das entidades. Associados ficam inadimplentes por anos e, de repente, reaparecem para concorrer em eleições. Esquecem os lembretes e avisos para suas regularidades. Ou seja, querem só direitos; deveres, nem pensar. Nossa adversária Edvânia Kátia é funcionaria pública federal e trabalhou durante nove anos no jornal O Imparcial, mas só veio a requerer sindicalização no dia em que foi demitida da Empresa Pacotilha, no ato de rescisão do contrato de trabalho, em novembro de 2005. É esse tipo de idealista sindical que tenta, por todos os meios, desmoralizar a nossa classe.

JP – Você acredita que essa disputa não está muito afeita a ataques pessoais? Caso afirmativo, por que isso está acontecendo?

LM – Não tenho registro de ataques pessoais meus a Edvânia Kátia. Quando ela partiu ou deu início, por ocasião da campanha pré-eleitoral, ou logo após o resultado, a práticas indignas contra o nosso Sindicato, aí eu fiz esclarecimentos pela Coluna Sindical no jornal onde trabalho. Do jornalista Waldemar Ter tive publicada, dolosamente, “frase da semana” sem nunca ter tido nenhum contato com ele ou falado coisa tão arrogante com alguém. Esse cargo de uma das diretoras, entre três, das relações institucionais da Fenaj, não impõe nada na administração de nenhuma entidade sindical dos jornalistas. A Federação tem mais de 50 cargos. Todos foram eleitos coletivamente na chapa, não ela exclusivamente, como bravateia. Teremos, sim, uma diretora que não mais merece o nosso respeito.

JP – Quais as principais conquistas que você pode enumerar de seus mandatos à frente do sindicato?

LM – Entendo como conquista na minha trajetória sindical o fato conjunto, no cenário, quando iniciei as atividades na década de 60, era bancário e presidi o Sindicato dos Bancários do Maranhão. Jornalista em 74, formado pela Ufma comecei a segunda trajetória. Junto com Jámenes Calado implantamos o primeiro acordo salarial com o empresariado do setor, pois não existia piso salarial para a categoria dos jornalistas. Todos recebiam pelo trabalho salários em forma de vales. Fizemos a reorganização da classe após o período da ditadura, reconquistando processos de vários profissionais que tiveram seus registros cassados pelo antigo Ministério do Trabalho. Ainda como dirigente sindical, e com outros companheiros que somaram para nossos ideais, conseguimos construir os conjuntos habitacionais Cohama e Tambaú, Casa do Trabalhador no parque Bom Menino (governo Sarney), Casa do Trabalhador no Sítio Santa Eulália (governo João Castelo), lutamos pela implantação do Tribunal Regional do Trabalho no Maranhão, onde fui juiz classista, representante dos empregados, depois, secretário de Trabalho e Desenvolvimento Urbano, no governo João Alberto. Foram conquistas concretas para o sindicalismo. Creio que a nossa geração sindical, que tanto foi acusada de “pelega”, hoje olha para nosso “herói” de Brasília e entende como o mundo dá suas voltas espetaculares. Cumpri a minha missão e idealismo, por isso já marquei tempo para abandonar as disputas eleitorais sindicais.

JP – Como está o mercado para a classe no Maranhão?

LM – O cenário de mercado de trabalho tem pela frente, na atualidade, boas opções. Tradicionalmente, os empregos na área da comunicação social, e especificamente no jornalismo, envolvia apenas jornal, rádio e televisão. Isto mudou. Temos o setor público e privado ocupando uma expressiva e crescente parte dos profissionais do jornalismo.

JP – Atualmente como está o relacionamento do sindicato no Maranhão com a diretoria da Fenaj?

LM – Eu sempre mantive respeito e consideração para com a nossa instituição Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Procurei prestigiá-la ao longo do tempo, embora nunca tenha seguido as linhas ideológicas e partidárias dela, por isso fomos o único Sindicato de Jornalista do país a não ter vínculos de filiação com a CUT ou o PT, mas respeito a Central Única e o Partido dos Trabalhadores, onde tenho amigos e companheiros sindicalistas leais e corretos. Precisa-se dizer que, as federações, e aí se inclui a nossa Fenaj, têm vida porque existem os sindicatos. Sem sindicato, não existe federação, e sem federação não existem as confederações.

JP – Recentemente, houve uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho, onde foram tratadas questões da eleição para o sindicato. Qual foi o resultado dessa audiência?

LM – Contestamos as alegações da parte contrária, respondemos as perguntas formuladas do senhor juiz e foi encerrada a audiência. Esse processo cuidou de bloquear ou impedir a realização das eleições. Houve determinação superior para realização do pleito, as duas chapas disputaram, a nossa venceu com o dobro e mais dois votos de sufrágios.

JP – Quais seus planos para esse novo mandato e a avaliação que você faz desse momento pelo qual o sindicato passa?

LM – Desconfio muito de quem se apresenta, em qualquer nível de disputa eleitoral, com planos, metas, manifestos, promessas e outras besteiras. Admiro bastante quem tem caráter e responsabilidade. Analiso as coisas por aí. Na última eleição as duas chapas (situação e oposição) disputaram, a nossa chapa venceu, tomou posse e vamos dando continuidade ao cumprimento das nossas responsabilidades para com a categoria dos jornalistas.

Sobre avaliação e o que pretendo fazer: neste país tão covarde para com seus compatriotas, o sindicalismo nada espera do governo. As regras brasileiras entre governo e povo nunca foram respeitosas. Está provado que no Brasil quem se organiza, como os trabalhadores, acabam decepcionados com os seus administradores públicos. Não tenho que avaliar nada. Tenho é que seguir cumprindo meus deveres, respeitando sempre a lealdade e a confiança das pessoas de bom caráter.


Fonte: Jornal Pequeno.
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